segunda-feira, 23 de março de 2009


Sempre que me perguntam sobre a experiência da submissão fico com aquela cara de boba tentando encontrar um meio de responder à quem não entende - e vai continuar sem entender.

É muito difícil explicar sem cair nas armadilhas dos papéis, das cartilhas, dos manuais práticos que fogem à toda e qualquer verdade que a submissão encerra...


Quando eu comecei a habitar esse mundinho bonito e secreto eu estava perdida e confusa como todos que começam todas as coisas e sou grata à sorte que tive.
A importância do que foi meu Dono é indiscutível e dispensa maiores comentários... Hoje eu quero falar das minhas amigas submissas, que graças ao estímulo e espaço que O que foi meu Dono me deu, eu tive a sorte de conhecer...
Essas moças se tornaram, cada uma a seu modo, exemplos e referências para mim como submissa, e companheiras e conselheiras em todos os campos da minha vida.
Eu digo isso com sentimentalismo meio piegas não só porque sou uma canceriana dramática, mas também porque anda cada vez mais difícil ter a sorte de encontrar submissas de fato inteiradas do significado da submissão que está além das cartilhas.
Eu tive muita sorte.
Fui bem recebida, bem aconselhada, bem orientada no meu começo e ganhei, de quebra, companheiras infalíveis pra todas as horas.
Vide {rianah} de Lestat... Companheiríssima de todas as horas! E quando eu digo todas quero dizer que {rianah} esteve presente desde a escolha do meu animalzinho de estimação até no meu sufoco em traduzir os textos pros meus trabalhos na faculdade... Dos meus porres virtuais nas madrugadas eternas, tentando, as duas, feitos loucas, ouvir a mesma música ao mesmo tempo na rádio uol, até minhas tardes chatas de trabalho, trocando figurinhas sobre as coisas todas... {rianah} está sempre, na alegria e na tristesa, no sufoco e na folia!!! E como se não bastasse é farol... tem culpa (rs) na construção da minha própria sibmissão... e como diríamos em algums momentos: não basta ter coleira, né, {ri}, tem que participar! rs
E ainda tem {anitta}, a {angel}_Policial Sádico, a {vita}_Senhor da Torre, a {Levanah}_Master Lander que me são muito caras, queridas, amadas. Cada uma ao seu modo, com seu humor e com sua vivência me deram apoio, companhia, conselho, alegria, amizade mesmo. Não tenho dúvida que tudo seria diferente e menos leve sem essas preciosas.
Amizade é para muitas coisas e cada um tem sua teoria sobre isso. À essas amigas eu sou grata por muitas coisas, entre elas pelas trocas de idéias, pelo amparo tácito.
Somos seres sociais, querendo ou não, gostando ou não. No BDSM as amizades me são caras para coisas além do BDSM em si e acho muito bom que assim seja. Tristes dos que se fecham, dos que vêem o meio como um bloco rígido e não como um mosaico de personalidades. Eu encontrei pessoas maravlihosas naqueles avatares e não me privaria disso por nada.
E assim eu declaro meu amor de irmã às minhas amigas submissas. Não dividimos nossas coleiras, nossos Donos nem nossas sessões: dividimos nossas vidas, nossas companhias, nossas janelinhas no msn!!! E sou muito feliz com isso!
E quando indagada novamente sobre submissão talvez encaminhe os curiosos à vocês, moças... Estão muito mais aptas às respostas!

Há quem procure o amor nas pessoas, na família, no dinheiro, no feijão com arroz, na marmita presa pelos braços no metrô lotado ás 5 da manhã...


Há quem procure o amor no passado, nos verões, nas micaretas, debaixo da cama, num velho cartão postal perdido entre as páginas amarelas de um livro de sebo...


Há quem procure o amor nas respostas, nas palavras, na experiência, no cigarro compartilhado, no espelho do bar...


Há quem procure o amor no amor dos outros, nos livros de Garcia Marquez, nas canções do Chico, nas mulheres de Picasso, nos sonhos esquecidos, nos contos de fadas.


Eu procuro o amor onde é mais difícil encontrar o amor: na Verdade. E me pergunto à cada caça: será o amor quem esconde a verdade ou a verdade é quem esconde o amor? Ou serão ambos faces da mesma moeda inválida e cafona, com a qual só conseguimos comprar o que não queremos nem pedimos?


Nessas horas, ao contrário do que possa parecer, eu me convenço de que nos cabe somente aceitar qualquer coisa e dançar um tango argentino no túmulo dos sonhos todos... Pois aconteça o que acontecer o epitáfio sempre será: nenhum amor de verdade nos contempla.


Um brinde aos meus rasos companheiros de planeta que se dão por satisfeitos com as juras de amor que lhes são proferidas... Eu os injevo com toda a capacidade de admiração desse meu coração rabugento... E em homenagem aos pobres diabos que, como eu, são escravos da verdade que tanto destrói, ele, o mais pobre de todos os diabos e sua ode à Verdade do amor: Vinicius de Moraes.


Canto de Ossanha


-"O canto da mais difícil
E mais misteriosa das deusas
Do candomblé baiano
Aquela que sabe tudo
Sobre as ervasSobre a alquimia do amor"


Deaaá! Deeerê!
Deaaá!
O homem que diz "dou"
Não dá!
Porque quem dá mesmo
Não diz!
O homem que diz "vou"
Não vai!
Porque quando foi
Já não quis!

O homem que diz "sou"
Não é!
Porque quem é mesmo "é"
Não sou!
O homem que diz "tou"
Não tá
Porque ninguém tá
Quando quer

Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha
Traidor!
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!
Vai! Vai! Vai!
Vai!Não Vou!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Não Vou!...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passouNão!
Eu só vou se for prá ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Amigo sinhôSaravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha
Não vá!
Que muito vai se arrepender
Pergunte pr'o seu Orixá
O amor só é bom se doer
Pergunte pr'o seu Orixá
O amor só é bom se doer...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Amar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Sofrer!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Chorar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Dizer!...

Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor
Que passou
Não!
Eu só vou se for prá ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor...

Vai! Vai! Vai! Vai!
Amar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Sofrer!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Chorar!
Vai! Vai! Vai! Vai!
Dizer!...