sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Me apaixonei pela forma com que ele mescla bondade na expressão do mal e maldade da expressão do bem.
Afinal, é dessa mescla que se fazem as coisas todas.
Ninguém é só bom ou mau. Ninguém pode ter só seu bem ou seu mal amado, nem odiado.
Muitas vezes julgamos com muita severidade os demônios alheios e os nossos próprios. Não devemos nos esquecer que somos amados com eles, apesar deles e às vezes até por eles. E também somos capazes do amor.
Vamos fazer as pazes com nossos gênios malvados. É uma boa saída para apazigua-los, já que matá-los pode não ser possível ou até nos descaracterizar. É uma boa saída para ressaltar a bondade das nossas faces, e a paz do nosso coração.
Ah, e o artista se chama Marcelo Grassmann.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Só pra não dizer que não falei das de Atenas...
Mulheres de AtenasChico Buarque - Augusto Boal/1976
Para a peça Mulheres de Atenas de Augusto Boal
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas
Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem, imploram
Mais duras penas
Cadenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas
Quandos eles embarcam, soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam sedentos
Querem arrancar violentos
Carícias plenas
Obscenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas
Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar o carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas
Helenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas
Morenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Suportar ou Superar
O esforço é uma das marcas da submissa, é verdade, mas tanto pode elevá-la como arruína-la. Acredito nisso porque a interpretação de esforço e superação pode ser confusa. Podemos conseguir a mesma coisa, superar o mesmo obstáculo por diferentes meios e com diferentes conseqüências...
Deixa-me tentar explicar melhor.
Existem muitas expectativas acerca de uma submissa. Todas elas fazem sentido. No entanto ninguém deixa de sentir determinadas coisas automaticamente, só por ser sub. Isso não deve ser usado como justificativa para o comodismo, mas é um fato. E nesse ponto entra o esforço da submissa, a tentativa de progresso, de adaptação, de superação.
O problema é definir em que termos todas essas coisas acontecem e o que de fato é importante para identificá-las.
A boa submissa seria aquela que aprendeu direitinho como se sentar, como falar, como pedir, como responder e decorou direitinho os termos gringos para cada posição ou técnica? Sim, pode ser... mas é bom lembrar que não só cadelinhas como também ratinhos de laboratório e chipanzés aprendem muito rápido determinadas regrinhas de comportamento. Nem precisa ser um bom amestrador para ensinar isso a algumas criaturinhas: basta um saco de ração e um pouco de paciência.
Já no que compete a sentimentos e sensações, é complicado. Porque sou submissa não posso sentir ciúmes e nem nervoso no bico do peito? Bom, não é no que pode ou não pode que está o problema. Cada Casa com sua lei e cada um com seu bom senso e mais ninguém tem a ver com isso. O problema é que por conta das expectativas e do ideal de uma sub malabarista muitas meninas se julgam na obrigação de superar muita coisa. Fazem muito bem, se for sincero e se agradam ao Dono, mas há de se saber distinguir limites e limitações. Não que barreiras sejam barreiras e ponto final, mas é por que existe uma enorme diferença entre suportar e superar alguma coisa, e essa diferença é geralmente muito confusa diante de um caso concreto.
Você pode suportar seu nervoso no bico do peito e morder os lábios tentando pensar em um lugar tranqüilo e bonito enquanto reza para que seu Dono pare logo de tocá-los (afinal, ele gosta tanto e você é uma propriedade que precisa se entregar de corpo e alma), ou ser honesta, contar com a paciência daquele a quem você se entregou e, juntos, procurarem novas formas para que seu bico do peito seja tocado, até que de verdade você consiga fazer isso (ou não, e daí conversem sobre o assunto e cheguem a alguma conclusão), o que é, se você pensar bem, tentar progredir para uma entrega mais sublime. Esse é um exemplo fraco, de algo que geralmente é facilmente resolvível, mas pode ser transferido pra muitas outras situações mais graves e complicadas.
O que eu digo é que o desejo de superar é tanto que não procuramos analisar direitinho os mecanismos. Não que não haja beleza nisso, mas tão melhor é quando há beleza e sinceridade... Claro que nesse processo é fundamental a ajuda do Dono.
Nada foi superado. Não há evolução nisso. O que aconteceu foi um tratamento de choque e a instituição de uma devoção onde existe mais medo que respeito. É pouco possível que alguém que não tenha aprendido, mas decorado na base da paulada esteja satisfeito, sabe...
Sabemos que não é uma democracia, existe uma hierarquia e nosso respeito a ela depende de um respeito a nós, ao nosso Dono, à nossa Casa. A superação e a evolução da submissa têm o intuito de torná-la melhor, serena, capaz, grata. Isso dificilmente será alcançado se ela não tem oportunidade de refletir sobre suas limitações e defeitos. Ninguém muda o que não entende que está errado. Se o papel da sub inclui o esforço, o do Dono inclui a proteção e o acompanhamento. Para guiarmos o nosso esforço para o que Lhes agrada é necessário que saibamos o que Lhes agrada.
As formas mais sutis de exercer autoridade são também as mais eficazes...
Subs que passam por essa situação nem têm culpa pelo equívoco de suas intenções. Não têm sequer oportunidade de refletir sobre elas, vivem num estado de tensão muito prejudicial a si próprias, principalmente, mas que a acaba prejudicando a relação, desvirtuando o sentido da submissão. Mas a maioria dos casos o que acontece é confusão mesmo. A sede de servir bem e cumprir sua cota mensal de esforços é tanta que confunde a capacidade de julgar.
Mas, enfim, dentro do possível eu acredito que antes de se propor a superação de algo, deve-se pensar muito bem no caminho, devem-se respeitar seus próprios sentimentos e não tentar bloquear mentalmente as dificuldades. Não só para garantir a sinceridade da tão estimada entrega, mas também pela garantia da nossa própria sanidade sentimental, não menos importante.
Parece clichê ou receita de auto-ajuda, mas é verdade.
Contentar-se em suportar qualquer coisa pode parecer um grande feito e quem sabe possa até ser. Mas superar é diferente. Superar sim, é fruto do esforço, do alto conhecimento, é mecanismo de entrega. Só entrega alma quem tem uma. E existe um abismo entre uma sub esforçada em superar o que macula seu caminho e uma porta de juntas flexíveis e respostas perfeitas decoradas... Até porque a indústria erótica já se prontificou em produzir bonecas infláveis bastante jeitosinhas, que além desses atributos da dita porta falante, não sofrem de TPM e ocupam um espaço bastante reduzido no armário...
É isso que eu acho...
E por assim pensar e por assim procurar me conduzir (e eu erro, como erro! Aff...), só tenho a agradecer ao Dono, pela paciência com que me guia...
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
O condicionamento social, o que existe no imaginário coletivo, ainda que de uma maneira tácita, é que a sexualidade tem um prazo de validade para ser explorada, e que, na outra ponta, pessoas muito jovens não têm juízo nem dircenimento. Ora bolas... aos 60 podemos ser sensuais e ao 20 podemos saber do que gostamos... ou não...mas certamente não é a idade quem decide, e sim, nossa alma, nossa história, nosso aprendizado e, mais do que tudo, nossa vontade.
Estando todos muito bem resolvidos também é preciso desmistificar a própria disputa entre as idades. A experiência tem a acrescentar à novidade tanto quanto a novidade tem a acrescentar à experiência. Ninguém precisa gabar-se do que tem de sobra para sobressair. Acho esse tipo de defesa um ataque muito maudoso: não se tem a mesma idade por mais de 1 ano, é uma fato. E ao invés de nos agarramos ao medo absurdo da gravidade ou ao orgulho soberbo do que se aprendeu, deveríamos encontrar mais e mais formas de dar e receber mais prazer, deveríamos escoher nossos amigos não pelas afinidades óbvias das gerações, mas pelo que se pode trocar com essa pessoa.
Mas, de qualquer forma, fico muito feliz com a capacidade de agumas pessoas, que se descobrem "jovenzinhas" e se redescobrem "avós", principalmente no quesito sexo e/ou erotismo. A quebra dos tabus é uma atividade importante e contínua... começa nos coeiros e se estende pra sempre. Condicionar sua idade (ou pior ainda, a do outro) à papeis sociais ridiculamente pré-estabelecidos é uma vergonha e um desperdício. Não ter vergonha do seu corpo é a coisa mais linda que podemos fazer por nós mesmos, e o que se descobre é fantástico... sempre há o que ser descoberto... sempre.
É isso que eu acho. Sobretudo por ser mulher e por mulheres serem as campeãs na corrida com obstáculos na categoria "tabu" e "idade". Tenho cá meus medos e desesperos mas uma vontade imensa de ultrapassa-los também... Afinal de contas a liberdade tem muitas faces.